LeitorMT

Mato Grosso
22/12/2024 - 18:13
50927675077-e7078daaa1-k

Brasil terá superávit recorde, com salto nas exportações do agronegócio

Com a força do agronegócio, a balança comercial brasileira vem renovando recordes e já acumula superávit de US$ 62,4 bilhões até agosto, salto de 43% ante o ano anterior. Diante desse cenário, especialistas estimam que o saldo entre as vendas externas e as compras internacionais possa superar US$ 90 bilhões até o fim do ano, o maior desde o início da série, iniciada em 1989.

Soja, milho e celulose estão entre os produtos que cresceram com força na pauta de exportações, reforçando o perfil do país como um grande fornecedor global de commodities. O Brasil tem ocupado espaços importantes no mercado mundial, aproveitando-se da reorganização das cadeias globais de produção após choques como a guerra na Ucrânia e as relações conturbadas entre Estados Unidos e China.

A pujança deste ano decorre principalmente do aumento do volume exportado, não de uma elevação dos preços. A queda nas importações também ajuda a explicar os superávits. No ano, as exportações somaram US$ 224,578 bilhões, estáveis em relação a igual período do ano passado. Já as importações recuaram 10,4%, para US$ 162,168 bilhões.

— A alta (das exportações) está mais associada ao volume, resultado de uma safra recorde de soja e milho safrinha, além de um desempenho bom da indústria extrativa, com as exportações de petróleo — destaca a economista do Itaú Unibanco, Julia Gottlieb.

O Itaú elevou sua projeção para o superávit da balança comercial brasileira em 2023, passando para US$ 80 bilhões, ante US$ 70 bilhões anteriormente. A consultoria Tendências está ainda mais otimista: revisou sua previsão para US$ 93,4 bilhões. Para 2024, ambos estimam saldo positivo em US$ 60 bilhões.

A entrada de dólares no Brasil é um fator positivo para a taxa de câmbio. O real mais apreciado ajuda, por exemplo, a arrefecer a inflação.

Julia destaca que o fato de o crescimento do superávit estar associado ao volume e não ao preço é um fator positivo, uma vez que deixa o país menos sujeito às oscilações de cotações no mercado internacional. Essa vulnerabilidade a preços que não se pode controlar é justamente a fragilidade de se ter uma pauta exportadora concentrada em commodities, dizem especialistas.

Fatia menor da indústria

 

O presidente executivo da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, lembra que a participação da indústria na pauta de exportações vem caindo. Era 50% em 2000 e, atualmente, está em cerca de 29%.

— A cada US$ 1 bilhão que deixamos de exportar perdemos 30 mil empregos e, nesses 23 anos, perdemos 4 milhões de vagas qualificadas. Na balança comercial de manufaturados, o déficit é crescente — diz.

Neste mês, o IBGE voltou a revisar para cima a projeção para a safra agrícola brasileira. A produção de cereais, leguminosas e oleaginosas deve registrar novo recorde, totalizando 313,3 milhões de toneladas. O número representa um salto de 19% ante 2022, ou mais 50,1 milhões de toneladas.

Se confirmada a estimativa, será a primeira vez na História que a safra ficará acima de 300 milhões de toneladas. O Brasil superou os EUA como maior exportador global de milho neste ano e está prestes a desbancar o país do topo das exportações globais de algodão também. Ainda assim, ocupa o 26º lugar no ranking mundial de países exportadores.

A entrada de dólares no Brasil é um fator positivo para a taxa de câmbio. O real mais apreciado ajuda, por exemplo, a arrefecer a inflação.

Julia destaca que o fato de o crescimento do superávit estar associado ao volume e não ao preço é um fator positivo, uma vez que deixa o país menos sujeito às oscilações de cotações no mercado internacional. Essa vulnerabilidade a preços que não se pode controlar é justamente a fragilidade de se ter uma pauta exportadora concentrada em commodities, dizem especialistas.

Fatia menor da indústria

 

O presidente executivo da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, lembra que a participação da indústria na pauta de exportações vem caindo. Era 50% em 2000 e, atualmente, está em cerca de 29%.

— A cada US$ 1 bilhão que deixamos de exportar perdemos 30 mil empregos e, nesses 23 anos, perdemos 4 milhões de vagas qualificadas. Na balança comercial de manufaturados, o déficit é crescente — diz.

Neste mês, o IBGE voltou a revisar para cima a projeção para a safra agrícola brasileira. A produção de cereais, leguminosas e oleaginosas deve registrar novo recorde, totalizando 313,3 milhões de toneladas. O número representa um salto de 19% ante 2022, ou mais 50,1 milhões de toneladas.

Se confirmada a estimativa, será a primeira vez na História que a safra ficará acima de 300 milhões de toneladas. O Brasil superou os EUA como maior exportador global de milho neste ano e está prestes a desbancar o país do topo das exportações globais de algodão também. Ainda assim, ocupa o 26º lugar no ranking mundial de países exportadores.

— Pode haver uma crítica por (a pauta de exportação) se basear nesses produtos primários, mas é isso que gera moeda forte para que o Brasil consiga honrar seus compromissos. O país tem uma indústria de transformação forte, mas que tem problemas de competitividade. Se há algum alento para o segmento industrial é que o Brasil tem avançado em algumas reformas que tendem a melhorar a competitividade, como a trabalhista e a tributária — afirma o sócio da Tendências.

Ele acrescenta que a carga tributária ainda elevada, as dificuldades com qualificação de mão de obra e de logística pesam contra o setor industrial. Apesar desses entraves, o professor de Economia da FEA/USP, Paulo Feldmann, frisa que os manufaturados têm maior valor agregado e estão menos suscetíveis a choques de preços.

— Commodity é algo que depende muito do mercado de oferta e procura mundial. Volta e meia, os preços caem porque aumentou a produção em algum país. É ruim ser dependente de exportação de commodities. O país deixou de ser um importante exportador de produtos industrializados há quase 40 anos. Dos anos 1980 para cá, perdemos muito a nossa posição — diz ele.

Aeronaves da Embraer

 

Para a professora do MBA em gestão de comércio exterior da Fundação Getúlio Vargas, Monica Romero Marinho, o país precisa de renovação da indústria, em especial em um momento em que o mundo está reorganizando as cadeias globais de valor.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI), em parceria com a AEB, formou uma coalizão empresarial para, em conjunto com o governo brasileiro, renovar o parque industrial.

Entre as poucas exceções na pauta de exportações brasileiras estão as aeronaves, com crescimento de 21,70% no ano. A Embraer, líder no setor, já entregou 62 aeronaves neste ano, avanço de 35% ante o primeiro trimestre de 2022. Nos últimos meses, a empresa tem reforçado suas parcerias comerciais com companhias estrangeiras.

Fonte: O Globo

Compartilhar
Rolar para cima