Delegado da Polícia Civil, Guilherme Bertoli, afirmou que Bruno Rossi, 39, e Rafael Geon, 35, presos nesta quarta-feira (20), durante a operação Piraim, tinham dinheiro a receber de Leandro Justino, que foi chicoteado por agressores na Avenida Miguel Sutil, em Cuiabá, após negociações envolvendo joias. A ação violenta dos suspeitos foi filmada e o vídeo ganhou repercussão nacional.
Durante coletiva de imprensa nesta quarta-feira (20), Bertoli explicou que Bruno emprestou R$ 160 mil a Justino, que seria seu amigo, para que ele comprasse relógios de luxo. O acordo era que o rapaz repartisse o lucro da futura venda dos bens, mas nenhum valor foi repassado.
Como não recebeu o acordado, resolveu contratar os cobradores.
Já Rafael teria vendido uma corrente de ouro para Leandro, mas também foi vítima do calote do rapaz.
“A vítima tinha sugerido um negócio com relógios de luxo, e solicitou R$ 160 mil [aos
empresários]. Segundo o detido, com a venda desse relógio, além da devolução do valor emprestado, eles dividiriam o lucro. O outro, a vítima comprou uma joia com ele, uma corrente, e não foi feito o pagamento”, disse Bertoli.
O delegado ainda afirmou que os suspeitos presos disseram desconhecer a conduta violenta dos agressores. Para o delegado, a alegação não se sustenta, uma vez que Bruno aparece em um dos vídeos das agressões.
Por fim, a autoridade policial ressaltou que Bruno e Rafael não têm relação com outros crimes.
Segundo Bertoli, existe mais de um grupo criminoso atuando da mesma maneira, se utilizando da violência bem como ameaça e extorsão para cobrar dívidas.
Operação
Os empresários Rafael Geon e Bruno Rossi são apontados como os mandantes da ação para cobrar o devedor e foram presos nesta quarta-feira (20).
Outros quatro suspeitos estão sendo procurados, sendo eles: Sergio da Silva Cordeiro, Jose Augusto de Figueiredo Ferreira, Benedito Luiz Figueiredo Campos e Guilherme Augusto Ribeiro.
Cinco mandados de busca e apreensão foram cumpridos nos endereços do bando em Cuiabá.
Restrição de liberdade
De acordo com a Polícia Civil, o pai da vítima procurou a delegacia especializada no dia 4 de maio e declarou que o filho estava em poder do grupo criminoso, que exigia dinheiro para liberá-lo. Na ocasião, uma equipe da Derf foi até o local onde estava a vítima que, temendo por sua vida, declarou que os suspeitos não tinham lhe açoitado. O homem apresentava diversos hematomas.
A investigação apurou que a vítima foi abordada pelo grupo criminoso na Avenida República do Líbano, no estacionamento de um posto de combustíveis, em Cuiabá. Na sequência, o pai da vítima recebeu uma ligação telefônica, feita do aparelho celular do filho, onde o interlocutor dizia que credores queriam receber dívidas contraídas pelo rapaz.
O pai chegou a oferecer um veículo avaliado em R$ 80 mil, contudo, os criminosos disseram que a camionete não quitaria a dívida. Cinco suspeitos do crime foram detidos e encaminhados à Derf Cuiabá. Interrogados, um deles alegou que a vítima lhe devia R$ 40 mil e em relação às agressões, negou que seria o mandante da extorsão.
A vítima disse que a ação criminosa começou após receber um pedido para se encontrar com um credor. Ao chegar no local combinado, foi ameaçada, caso não quitasse as dívidas. No local estavam o credor e outras quatro pessoas. Os suspeitos exigiram uma caminhonete como pagamento parcial da dívida e se apossaram da chave do veículo, impedindo que o rapaz saísse do local.
“Justiceiros”
Indícios coletados pela equipe de investigação derrubaram as versões apresentadas pelos
cinco investigados, que foram interrogados na Derf Cuiabá.
A vítima, receosa pela sua integridade física e de seus familiares, isentou os criminosos no dia em que foram conduzidos à delegacia. A investigação apurou que um dos criminosos foi o responsável por armar o encontro com a vítima e, no local combinado, restringiram a liberdade e iniciaram as extorsões e agressões. A vítima permaneceu por horas em poder dos criminosos sendo agredida.
“As ações foram registradas com a finalidade de humilhar e difundir o modo de execução do crime com o anseio de assumirem um papel de justiceiros”, explicou Guilherme.
Os quatro “cobradores” foram os executores das agressões contra a vítima e agiram a mando dos investigados e teriam comissões caso conseguissem receber as dívidas.
Fonte: Olhar Direto