A queda no preço da arroba do boi gordo em todo País é motivo de preocupação e pauta de uma audiência pública promovido pela Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados no dia 19 de dezembro.
O assessor técnico da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Rafael Ribeiro, apresentou a variação dos preços no mercado doméstico e os principais fatores que colaboraram para a pressão de baixa, como a maior oferta de animais, demanda interna fraca e a queda nas exportações. A situação de Mato Grosso, que possui o maior rebanho bovino, é o pior entre os estados.
A arroba do boi gordo em Mato Grosso está em R$ 204,34. Já em São Paulo, principal matriz do setor, está a R$ 250. Para se ter uma ideia, dados do Cepea, em março de 2022 foi registrado um pico próximo de R$ 350,00 na arroba do boi gordo em São Paulo. Desde então, o valor sofreu queda de 29,6%. Já em dezembro deste ano, o preço do boi gordo caiu 15,5% em relação ao mesmo mês do ano passado.
Os principais motivos para esse cenário de queda foram a doença da vaca louca (EEB) atípica registrada em fevereiro, que gerou suspensão das exportações para a China; a menor pressão de compra por parte do país asiático em razão da recomposição do plantel de suínos e da produção; e o menor ritmo de crescimento da economia chinesa.
“A pressão sobre os preços pagos ao produtor impacta o resultado da atividade, principalmente no contexto de custos de produção em alta. Portanto, o elo da cadeia que mais tem sido prejudicado é o produtor rural”, disse assessor técnico da CNA, Rafael Ribeiro.
Diante do atual cenário do mercado do boi, a CNA solicitou ao Ministério da Agricultura a criação de linha emergencial de capital de giro, o aumento do prazo de reembolso da contratação de crédito de custeio pecuário com recursos obrigatórios e a renegociação de dívidas de operações de crédito contratadas entre 01/01/2021 e 01/09/2023.
A CNA pediu ainda ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para fazer parte do processo que avalia a compra de ativos nas operações com bovinos da Marfrig no Brasil pela Minerva. Para a Confederação, isso pode ampliar a concentração de mercado em determinados Estados do país.
“Dentre as consequências desse acordo podemos citar a redução na concorrência entre os frigoríficos, o que geraria menor poder de barganha do produtor, o aumento no custo do frete para o transporte dos animais até o abate e questões relacionadas ao bem-estar animal em função do aumento da distância. Os prejuízos se agravam em casos de fechamento de planta ou suspensões temporárias dos abates”, concluiu.