O juiz Jorge Alexandre Martins Ferreira, da 12ª Vara Criminal de Cuiabá, ouviu nesta segunda-feira (22) os depoimentos de Antônio Gomes da Silva, Hedilerson Fialho Martins Barbosa e o coronel Etevaldo Caçadini de Vargas. O trio é acusado de envolvimento com o assassinato do advogado, em dezembro de 2023, em Cuiabá. Essa foi a primeira audiência de instrução do caso.
Antônio é acusado de ter atirado em Zampieri. Caçadini teria financiado o crime, já Hedilerson teria intermediado. A audiência é realizada na 12ª Vara Criminal de Cuiabá, pelo juiz Jorge Alexandre Martins Ferreira.
O primeiro a ser ouvido foi Antônio Gomes da Silva.
De início, ele afirmou que não iria responder as perguntas do juiz e nem do Ministério Público, apenas o que os advogados dele perguntarem.
Diante do posicionamento, o promotor de Justiça Vinicius Gahyva protestou e falou em desvirtuamento do instrumento do interrogatório. O juiz também criticou a postura do réu, mas destacou que há decisão do Supremo Tribunal Federal que sustenta essa possibilidade e, para evitar a nulidade dos atos, decidiu permitir que fosse feito assim.
Antônio admitiu ter matado Zampieri, assim como já havia confessado em depoimento à polícia. Ele contou que usou uma arma de 9mm para o crime.
Quanto ao mandante do crime, disse que vai revelar o nome somente se for pronunciado ao Tribunal do Júri porque teme pela sua vida. “Eu, em garantia da minha vida, no Tribunal do Júri eu vou falar”.
O juiz chegou a pontuar que a proteção que ele terá, caso revele o mandante do crime, será a mesma se a informação foi dada nesta fase processual ou no Tribunal do Júri. Mesmo assim, Antônio se recusou a falar.
Antônio insiste na tese de que, durante sua prisão e nas vezes que foi interrogado, não lhe foi ofertado o direito de ter um advogado. “Não teve aquela pergunta, né. ‘Você pode ficar em silêncio ou você tem um direito a um advogado. Não tive isso aí”.
O réu declarou várias vezes que Hedilerson e Caçadini não têm relação alguma com o crime e que foram parar nessa história apenas porque estavam na lista de contatos telefônicos dele. “Eles não têm nada a ver com esse negócio. Eu, no Tribunal do Júri, eu vou falar, porque eu sei com quem eu tô mexendo”.
O segundo a prestar depoimento foi Hedilerson Fialho Martins Barbosa, acusado de ser o intermediador do crime e dono da arma usada no crime.
Hedilerson seguiu a mesma linha de Antônio e só respondeu aos questionamentos de seus próprios advogados. Neste contexto, o instrutor de tiro, que nega envolvimento no crime, se manteve em silêncio quando questionado sobre a falta de zelo com sua arma de fogo, que acabou sendo usada em um crime.
Ele alega que ficou sabendo apenas depois do exame de balística que a arma dele foi usada no assassinato, e nega ter vindo a Cuiabá apenas para trazer a arma para a execução e diz que o motivo da passagem pela capital foi para participar de um torneio de tiro.
O instrutor também alega que as autoridades policiais não lhe informaram do direito de ficar em silêncio.
O último a depor foi o coronel Etevaldo Caçadini de Vargas, que também seguiu a linha de defesa dos demais de só responder sua advogada de defesa.
Caçadini negou relação com o crime. “Eu me considero inocente. A minha advogada de defesa vai provar isso daí”, declarou.
O coronel também negou conhecer ou ter qualquer relação com a empresária Maria Angélica Caixeta Gontijo, que chegou a ser presa sob suspeita de ser a mandante do crime.
Ao final da audiência, o juiz determinou que o Nipo seja oficiado para que remeta ao processo o relatório de extração do celular do Caçadini.
Repórter MT